sábado, 6 de junho de 2009

Excursão na sujeira, mas por uma boa causa!



A atividade que participamos nesse dia 03 de junho, manhã gelada de quarta-feira foi o LixoTur, uma prática de Educação Ambiental realizada pelo DLU (Departamento de Limpeza Urbana), atividade que há muito gostaria de participar, mas somente hoje pude acompanhar.

Fomos recebidos pelo Sr. José Custódio, supervisor de Educação Ambiental do Departamento. Antes de começar a palestra (com a escola que participaria e já estava bem atrasada), ele disse que até esse mês, fazia-se 5 "passeios" por mês com as escolas públicas com o ônibus pago pela prefeitura, mas que está havendo uma reestruturação e esse ônibus gratuito vai deixar de existir _ em parte porque havia problemas como as escolas agendarem e não comparecerem, mas os "passeios" continuarão, desde que as escolas custeiem o transporte. Aliás, o tour não é feito somente com escolas, mas associações, condomínios etc. que queiram participar, os interessados devem entrar em contato com ele para agendar o monitoramento, restrito a um instrutor, que geralmente é o Sr. José Gonçalo, nesse dia excepcionalmente, o Sr. Custódio foi o monitor pois havia uma equipe de reportagem da TV Bandeirantes de Campinas acompanhando a atividade.

Muito interessante as etapas do processo do destino do lixo, a separação e toda a estrutura que existe para a existência do aterro. A montanha de lixo, logo que entramos no Delta-A impressiona, o cheiro dá náuseas. Há alguns respiros, como se pode ver nas fotos (feitas pelo Mattheus e por mim) para saída do gás metano proveniente do chorume, que é queimado; sua poluição é três vezes maior que a do gás carbônico derivado da queima. Depois disso, demos a volta na montanha e daí se têm a noção da dimensão do aterro (450 mil m2, eles usam a “medida referencial padronizada” no Brasil, 3 campos de futebol).

É para parar e pensar. Em funcionamento desde 1992, com a capacidade de 40 metros de altura de lixo ultrapassada, com um volume de recebimento diário de 900 mil toneladas de lixo, 17 anos em funcionamento (quatro a mais do que o previsto) para onde enviaremos nosso lixo? A mensagem do LixoTur é: separem o lixo, é menos danoso para todos e custa mais barato _ pagamos no IPTU uma cota para a coleta de lixo (vejam em seus carnês). Somente 2(de cada 100kg) são separados (a prefeitura faz a pesagem do lixo separado e o não-separado para se ter uma idéia do quanto a coleta seletiva está sendo praticada pela comunidade campineira).

Um momento bastante relevante do passeio foi a passagem por uma cooperativa, no Jardim Satélite Íris, que já existe há 8 anos, de onde Dona Maria José tira seu ganha-pão desde então, ajudando no sustento de sua família, a única formalmente empregada. Muito vergonhosa não quis que filmássemos, mas muito simpática conversou conosco. Muita gente daquela região depende desse lixo, eles foram capacitados para a profissão, o posto de saúde foi a ponte para essas pessoas terem essa oportunidade, e de uma certa maneira ela têm na ponta da língua o discurso pronto do problema da terra para as gerações futuras, mas com a confiança no decorrer do bate-papo, D. Maria José diz que é preciso uma força política maior para que o trabalho dos cooperados seja melhorado e aumentado, que as empresas comprem aquele material (que é muito pouco valorizado financeiramente, geralmente cotado em dólar) e acima de tudo, a consciência da população em separar melhor o lixo, diz ela que grande parte do que vai pra cooperativa volta para ser enterrado no aterro.

Além da oportunidade de conhecer o “destino” do lixo, alguns dos alunos presentes(Mattheus e Bianca) puderam também conversar com a equipe da Band presente e recolher algumas dicas sobre o trabalho jornalístico, porque a educação do jornalismo depende muito da mídia e da intenção.

O trabalho no LixoTur é de extrema importância, porque só efetivamente temos noção de algo quando vivenciamos. Mas o que poderia tornar esse trabalho que já é feito há 10 anos mais efetivo em termos de abrangência e acesso? O ônibus gratuito vai deixar de existir. Será que somente a separação do lixo resolveria o problema? Será que informar que além da reutilização e reciclagem do lixo, o primeiro “R” da lista dos 3R é reduzir? Separar o lixo por cores mundialmente convencionadas, isso basta? Podemos então usar “recursos” como bem entendemos, afinal a natureza existe para isso mesmo, para nos servir, então basta não esquecer de separar seu lixo, mas mesmo assim, seu imposto não vai diminuir no carnê do IPTU, ficaremos trocando de aterro, inutilizando imensas áreas produtivas, mudando de lugar, e assim como relatado em alguns desenhos animados, tipo o longa-metragem de animação, Wall-e, que descreve a situação da quantidade de lixo no planeta, no futuro, quem sabe chegarmos ao ponto de termos de ir embora da Terra. O Delta-B entra em funcionamento em 2010, desativando aquela colina de lixo.

Esse trabalho da prefeitura não pode perder a força que tem e a educação ambiental transformadora, crítica e emancipadora, tem de envolver a vida dos pequenos e dos grandes cidadãos a ponto de transformarem sua maneira de pensar e refletir nas suas atitudes, ações diárias e não somente na semana do meio ambiente, como podemos valorizar isso? Alguma sugestão?

Um comentário:

  1. É muito importante conhecer o meio ambiente para poder fazer diferença na hora de por a mao na massa, so é possivel melhorar se voce sabe o que acontece para poder mudar, conhecimento = mudança = fazer diferença

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